Lilo, Tifo e Lila

Pois bem, os filhos vão crescendo e a sua casa começa a ser frequentada por pessoas, no mínimo, estranhas. E você observa que o comportamento do seu filho está diferente. No meu caso, algumas vezes via a Maria Isabel discutindo, brincando e brigando com os amiguinhos dela. Pequeno detalhe, eu nunca vi nenhum deles. Mas ela me contou que o Lilo é azul (ou seria roxo?), tem os cabelos vermelhos e os olhos laranjados, o Tifo é careca e tem um olho só e a Lila é cor-de-rosa.

No início você fica um pouco assustada, acha que sua filha vê coisas do Além ou que ela se sente sozinha e por isso inventou esse amiguinho. Você se culpa por não ter dado um irmão a ela. Depois você procura no Google algo sobre amigos imaginários e descobre que é algo absolutamente normal. Conversando com um colega de trabalho descobri que as filhas gêmeas dele tinham um amigo imaginário quando eram pequenas. Detalhe: era o mesmo amigo para as duas.

Tudo bem, ter amigo imaginário é normal. Mas precisava ser tantos?

Depois do susto, você tenta descobrir como seriam esses amigo. Tarefa nem sempre fácil. Das primeiras vezes que eu perguntei a Maria Isabel como era um deles, ela me sorriu bem faceira e me respondeu:

- Ele é muito diferente.

- Como assim, diferente?

- Diferente, Mãe. Ele é muito esquisito.

- Cruzes!

Com o tempo ela foi me descrevendo melhor as criaturas que lhe faziam companhia. O primeiro a aparecer foi o Lilo, surgiu na mesma semana em que ela entrou na escola. Depois veio o Tifo e por último a Lila. E há mais de um ano eles são exatamente da mesma forma e têm o mesmo nome. O pior de tudo é o comportamento desses três. Eles são mal educados, brigões, gritam e falam alto. Ontem ela estava se queixando do comportamento deles. Vez ou outra os põe de castigo.

Agora é ter paciência e esperar essa fase passar. E torcer para que até lá eles não briguem tanto. Às vezes me falta paciência com esses quatro.