Páginas

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Maternidade, trabalho e machismo

Hoje tivemos uma palestra interessante no trabalho, em comemoração ao Dia do Servidor Público. O título da palestra é Vida e Carreira, um equilíbrio possível? A palestra foi proferida por Mário Sérgio Cortella e Pedro Mandelli.
Achei proveitoso, principalmente a sugestão de que devemos fazer na nossa vida, e na nossa carreira, planejamentos de longo prazo. Para mim é difícil, quero tudo para ontem, de preferência.

Para as mulheres, principalmente na faixa dos 30, assim como eu, o desafio poderia ser um pouco mais circunscrito. É possível conciliar carreira profissional e maternidade?

Aos tropeços e sem muito planejamento até acho que consigo conciliar maternidade e trabalho, família e trabalho. Claro, ajuda muito ter um marido bem companheiro, como o meu. Afinal de contas, a gente casa para ter alguém que nos ajude a carregar as pedras do dia-a-dia. Ainda assim, sinto que a cobrança sobre as mulheres é muito maior.
   
Há pouco tempo foi noticiado que Marissa Mayer seria a nova presidente do Yahoo. Além de mulher, Marissa estava grávida quando assumiu a companhia e anunciou que tiraria apenas uns dias de licença-maternidade.

Choveram críticas. De um lado os que achavam que por ser mulher e mãe ela não seria boa profissional. De outro lado os que a acusaram de banalizar a maternidade, sendo menos mãe por voltar a trabalhar logo após o nascimento do filho. Achei todos machistas.

Sou servidora pública. No serviço público talvez a pressão seja um pouco menor que no serviço privado. Talvez. Sei de várias empresas que tem programas de incentivo às mães. Por outro lado, embora nunca tenha acontecido comigo, há chefes, homens e mulheres, que não gostam muito de servidoras, em especial para ocupar cargos, porque por ser mulher, acham que ela se ausentaria mais do trabalho para cuidar da família, que elas tiram licença-maternidade e ficam muito tempo fora., que sempre vão priorizar a família e não serão tão boas profissionais. 

E muita gente critica a mulher quando ela se dedica um pouco mais ao trabalho do que seria considerável aceitável. Acham que a pessoa não pode ser boa mãe e ter uma carreira de sucesso. Tem gente que acredita piamente que a vocação maior da mulher é a maternidade. E ponto. Já ouvi muitas críticas porque em determinados momentos da vida tive que ficar mais tempo no trabalho ou tive que trabalhar nos finais de semana. Porque se um homem está se dedicando a ganhar mais, estudando para um concurso por exemplo, ou trabalhando mais tempo por determinado período, ninguém critica. Não escuto ninguém falar para um homem que ele deveria trabalhar menos para ficar mais tempo com a família. As pessoas acham elogiável um homem trabalhar muito e ter uma preocupação com a carreira.

Já ouvi, inclusive, que a mulher tem o dom para a maternidade, por isso deveria ficar com os filhos. Será mesmo? Acredito que maternidade é uma construção social. A nossa sociedade determina que assim o seja, ninguém nasce com o chamado instinto materno. Quando minha filha nasceu, eu não sabia ser mãe. Amamentar e dar banho não foram coisas instintivas. A gente vai aprendendo a ser mãe, do mesmo modo que se aprende a ser pai.

Eu cozinho muito melhor que meu marido. Mas não por ser mulher. Ele ensina lição de casa com muito mais facilidade para nossa filha que eu. Muitas vezes ele foi com ela ao pediatra. Sozinho. Outras vezes eu precisei ir sozinha também. Ele sempre deu banho nela, desde bebê. Aprendeu a trocar fraldas, a preparar mamadeira, a pentear o cabelo. Aprendeu como eu tive que aprender também. Muitas vezes eu sou mais firme, outra ele que tem que dar limites. E a gente vai levando.



Um comentário:

Marcia disse...

Concordo com vc ! Maternidade deve ser opção e o pai tem sim que ajudar ! E a mulher se a deixa feliz deve investir na carreira , como qquer homem !
Bjs